sábado, 19 de março de 2011

Trânsito - Carros particulares



Olá caros internautas,


Depois de duas semanas de ausência, estou retornando com um novo post para vocês que acompanham o blog. E volto com uma missão difícil: Convencê-los sobre a mudança dos nossos paradigmas. Por que?


Porque escreverei hoje sobre trânsito, relacionado aos carros particulares. Nós paraenses, como todo brasileiro somos apaixonados por carro. Para nós, carro vai muito além do meio de transporte, infelizmente. Para nós se trata de Poder e Auto-marketing.





Claro que a situação do transporte público contribui consideravelmente para com as nossas escolhas, mas hoje vamos ter que partir do pressuposto de que tudo funciona de acordo com os posts anteriores, para evitar desculpas do tipo: "ônibus não funciona, tá sempre atrasado, é velho, desconfortável, e me transportam como se estivessem transportando gado saído do curral". Então partamos do princípio que o transporte público de Belém é cinco estrelas e que a rede de Taxi atende a sua clientela sem provocar caos na cidade. Para que precisamos dos carros? Porque carro nos da independência, talvez você me diga. Porque com eles não precisamos nos adequar aos horários das redes de transporte público, somos donos do nosso conforto e do nosso nariz. É exatamente isso. Mas em sistema em que tudo funciona, e faço questão de frizar isso, quem quer ter privilégios de conforto independência deve arcar com as consequencias. E a principal é não ser privilegiado no sistema. 


Como assim? Bem, em uma cidade que o transporte público funciona verdadeiramente, e de renda econômica a qual impede que a grande parte da população possua um veículo particular, é claro que essa categoria não pode ser privilegiada. Não se trata de puni-la, mas força-la a pensar duas vezes antes de sair com seu carro da garagem. Porque? Por vários motivos:


- Porque veículos particulares contribuem consideravelmente com a poluição e efeito-estufa;
- Porque contribuem com engarrafamentos;
- Porque contribuem para com o sedentarismo e obesidade;
- Porque provocam acidentes de trânsito, quando existe o caos;


E como podemos fazer um proprietário pensar duas vezes antes de sair com seu veículo? Mexendo no órgão mais sensível dele, no bolso.


Nosso querido, salve-salve Prefeito tentou fazer isso, e provocou um inferno na cidade ano passado. Ele quis regularizar a famosa zona-azul e ampliá-la (por conta da quantidade cada vez maior de veículos particulares, culpa do desconto do IPI dado pelo nosso querido Presidente Lula "marolinha"). Mas o coitado fez tudo errado, apesar da idéia ser boa:
- Contratou uma empresa de fora para arrecadar a grana;
- Tentou fazer isso antes de ajustar o transporte público, e assim, os motoristas seriam forçados a deixar seus carros em casa sem ter uma opção decente de locomoção;
- Mexeu no bolso do trabalhador autônomo reconhecido como "guardador de carro" por nossa Lei;
- Não criou alternativas de estacionamento para os proprietários de veículos particulares;


Vamos destrinchar essa sequencia de equívocos e tentar torná-la viável, porque a idéia em si é boa:


- Primeira coisa a fazer é tentar através do Congresso Nacional, extinguir essa sub-profissão conhecida como "guardador de carros";
- Caso não tenhamos êxito com a primeira alternativa, proporíamos junto a câmara municipal uma legislação que regule a atuação do "flanelinha", descriminando valores, uniforme a ser usado, horários de atendimento nas ruas, escalas, inscrição no sindicato, para se evitar a expansão desenfreada dessa classe, visto que muito vezes se torna uma alternativa fácil demais para o trabalhador desempregado de não fazer nada, sem ter nenhuma responsabilidade, e ainda ganhar uma grana (muito boa por sinal);
- Combater a marginalidade, para evitar roubos e assaltos a automóveis estacionados, principalmente à noite. Para tal proposta, a inserção de um sistema de vigilância através de câmeras que funcionem também à noite nas principais vias seria uma boa contribuição;
- Construir estacionamentos municipais, com preços justos, para atender trabalhadores que se deslocam ao centro da cidade para trabalhar utilizando seu carro;




- E ao final (aí sim), com todo sistema funcionando, inclusive transporte público, instalaria a zona-azul, através de máquinas de vendas de ticket de estacionamento em todas as esquinas. O motoristas devem comprar um bilhete e deixar dentro do carro para não serem multados. A arrecadação do dinheiro seria centralizada e tal grana iria para um fundo municipal de combate ao desemprego, atendendo principalmente os "ex-flanelinhas" com cursos de capacitação e injetando investimento em cooperativas de produção de bens de consumo formadas por esses mesmos desempregados;


Quando me refiro a preços justos, são tais valores que fazem o trabalhador pensar duas vezes antes de sair de casa com seu carro, porque no final do mês ele veria que é mais barato se deslocar com transporte público, e optaria por este tipo de transporte. E enquanto os carros elétricos não chegarem no Brasil, o meio ambiente e a nossa saúde agradeceriam.

4 comentários:

  1. Só não concordo com esse trecho:

    "... por conta da quantidade cada vez maior de veículos particulares, culpa do desconto do IPI dado pelo nosso querido Presidente Lula 'marolinha'..."

    Ora, se a questão é eu decidir se saio ou não com meu carro particular de casa pro trabalho, por exemplo, tanto faz se eu sou rico, pobre, tenho um Corolla, um Civic e um Pajero na garagem ou somente um carro 1.0 que pude comprar graças ao desconto no IPI que o Presidente Lula deu (e que ajudou a fazer chegar ao Brasil somente uma "marolinha", ao contrário do que torcia muita gente por aí...).

    Quer dizer então que rico pode ter qtos carros quiser, mas pobre não, pq senão vai encher as ruas de carro e infernizar o trânsito...

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  2. Olá Pablo... Obrigado pelo comentário!
    Na verdade não quis dizer isso, muito pelo contrário. Não tenho nenhuma pesquisa a mão para afirmar, mas tente reparar a quantidade de carros cada vez mais caros e chiques nas ruas de Belém... Na verdade o Lula "marolinha", segundo minha opinião, ajudou muito mais as classes B e A a comprarem seus carros chiques, com um descontão no IPI (o IPI é proporcional e maior sempre para os carros mais caros), do que ajudou o pobre a ter seu carrinho. Aliás, na minha opinião, que tem um carro não pode se dizer pobre mais... Isso é uma opinião de quem está de fora e não tem muitos dados para afirmar, mas é notório... Eu defendo engravatados nos ônibus, juízes andando de metrô, civilidade... Só que eu acho muito mais responsável se gastar para melhorar o transporte público de uma cidade, de um país, inclusive e principalmente para os pobres que estão andando por Belém de bicicleta porque não tem nem o dinheiro do ônibus do que dar "o poder" e a "liberdade" para "falsos pobres" quererem ter simplesmente o prazer e a realização de ter seu carro, mesmo que ele não caiba no orçamento (contando já todos os impostos, e inclusive gastos com estacionamentos, que na minha opinião devem ser sim pagos por que tem o privilégio e o conforto de estar dentro de um carro).

    Deixo uma histórinha legal: Uma vez um certo jornalista brasileiro ficou de encontrar com um amigo dinamarquês que era político, ministro eu acho... Ele ficou aguardando-o na praça, em frente ao ministério onde trabalhava este político la na dinamarca. Ele esperou, esperou e pensava que seu amigo chegava em um grande carro preto precedido por motos batedores.. Mas se surpreendeu ao ver que o seu amigo ministro chegou pedalando uma bicicleta, usando seu paletó... Eu digo: Se um dia ver isso no Brasil, as coisas estarão bem diferentes...

    Abraços!

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  3. Bom, acabei dando mais ênfase num só ponto, e admito que por conta de meu posicionamento (e paixões) político(as) pró-Lula.

    Mas quando eu disse que só não concordava com aquele trecho, é que de fato eu concordo com todo o resto. Pra isso, é de fato imprescindível que o sistema de transporte público funcione. (Aquele teu 1o. post é um sonho hehe!)

    Existe o projeto "Ação Metrópole", que já está com a sua 1a. etapa concluída (ou quase). Se tu tiveres oportunidade de lê-lo (procura no portal do Estado: http://www.pa.gov.br), vais ver que no papel é muito bom. Esperamos que de fato funcione, e que não fique pronto só em 2050!

    Abraço!

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  4. Oi Gaby,
    Acho que se o transporte público de Belém fosse decente, as coisas melhorariam por lá... Digo isso porque aqui no Rio (que ainda precisa melhorar bastante nesse assunto) é muito comum as pessoas deixarem seus carros na garagem durante a semana e irem de metrô ao trabalho, quando existe essa opção.

    Sei também que, mesmo tendo um transporte público adequado, não seria nada fácil mudar o hábito dos paraenses que estão acostumados a sair em seus carros, até porque o clima da nossa cidade também contribui para que queiramos sair em nossos carros...

    Beijos.

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